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O rock espacial resiste no Pará

  • Foto do escritor: João Paulo Jussara
    João Paulo Jussara
  • 9 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de dez. de 2019

Banda Ultranova, de Belém, resgata um estilo músical que, para muitos, estava esquecido

Ultranova
Ultranova: rock espacial de Belém para o mundo. (Foto: Carlos Borges)

Há exatos 50 anos, em 1969, o astronauta americano Neil Armstrong entrou para a história ao se tornar o primeiro homem a pisar na lua. Um pouco antes disso, surgia o space rock, uma vertente musical inspirada nessa temática, que teve como pioneiras bandas como Pink Floyd, Rush, Hawkind e UFO.


Criado na Inglaterra, o estilo era marcado por um toque “espacial” e surrealista nas composições, que traziam instrumentos e sons considerados inovadores e psicodélicos, como o sintetizador digital, as “drum machines” e o órgão sintético. As músicas lembravam temas de filmes de ficção científica, com viagens intergalácticas e naves espaciais.


O álbum A Saucerful of Secrets, da lendária banda inglesa Pink Floyd, foi lançado em 1968, e é considerado um dos precursores do gênero. Mais tarde, em 1976, o álbum futurista 2112, da banda canadense Rush, popularizou ainda mais o estilo, narrando uma guerra de dimensões galácticas em um futuro distante.


Confira a faixa título do álbum "2112", que ajudou a popularizar o space rock:


No Brasil, algumas bandas passearam pelo space rock, que é considerado um subgênero do rock progressivo, também surgido na Inglaterra na segunda metade da década de 60. Os maiores exemplos são os paulistas do grupo Som Nosso de Cada Dia, com o álbum Snegs, de 1974, e a banda carioca O Terço, com o álbum homônimo, de 1970. Outros grupos também fizeram história no rock progressivo brasileiro, como Os Mutantes, A Bolha, Som Imaginário, Bacamarte, entre outros.


Quase cinco décadas após o surgimento do space rock, pouco se fala no gênero, que para muitos parece ter empacado nos anos 80. Mas quem é fã e segue acompanhando o cenário underground do rock, sabe que não é bem assim.


O rock progressivo resiste


No Pará, por exemplo, ainda há quem produza esse tipo de música. E a qualidade é tamanha, que o reconhecimento já ultrapassou limites fronteiriços. O site americano ProgRock.com, referência na área, divulgou, no começo do ano passado, uma lista com as melhores músicas de rock progressivo de 2017.


A banda paraense Ultranova é a única representante do Brasil que aparece na lista, na categoria “melhor faixa de encerramento de disco”, com a música Orion, que dá nome ao mais recente álbum da banda.


Assista a performance ao vivo da música "Orion":



O grupo, que já havia tido seu disco indicado pelo site como um dos grandes lançamentos do ano, aparece ao lado de figuras já consagradas do rock progressivo mundial, como King Crimson, Big Big Train e Steve Wilson.


Cofundador da página, o americano Mark Monforti revelou ter se surpreendido com o quanto gostou do disco:


“Se você gosta de música instrumental, como eu, este provavelmente vai ser um dos seus lançamentos favoritos do ano. A última faixa, ‘Orion’, é uma audição obrigatória a todos os amantes do rock progressivo” - Mark Monforti, cofundador do site ProgRock.com

Ultranova


Formada em 2012, em Belém, pelos primos Daniel Leite (guitarra) e Thiago Albuquerque (teclado), a banda conta ainda com o baterista Henrique Penna e o contrabaixista Príamo Brandão. As composições do grupo são todas instrumentais, mergulhando no rock espacial e progressivo, com muita influência de música clássica e jazz.


A mente responsável por dar às composições um tom mais erudito é o tecladista e pianista Thiago Albuquerque, filho do compositor e multi-instrumentista Albery Albuquerque. Ele estudou música clássica e já fez composições para orquestras sinfônicas.


“O mais importante na composição é a melodia. É o que fica para a eternidade” - Thiago Albuquerque, tecladista

Os outros integrantes adicionam à sonoridade da banda influências do rock. O baterista Henrique Penna é fã dos Beatles e do Pink Floyd, e também integra o Pink Floyd Project, que toca covers da consagrada banda inglesa. Ele define o som da Ultranova como “totalmente espacial”. “É um disco para você curtir da primeira até a última faixa”.


Já o guitarrista Daniel Leite conta que faz parte da escola do heavy metal. As guitarras distorcidas, características do estilo, são a sua assinatura na banda. Suas influências passam por Yes e Emerson, Lake & Palmer.


“Acho que a diferença da banda é essa mistura de influências de cada integrante, dando uma cara mais original” - Daniel Leite, guitarrista

A originalidade das composições da banda a levou a tocar no festival Jacofest – Jazz da Amazônia Contemporânea, em Belém, em 2014, no Festival de Música Instrumental Tapajazz, em Santarém, 2015, e mais recentemente, em outubro, eles foram até o Rio de Janeiro para tocar no Carioca Prog Festival.


Ultranova
Ultranova lança o single "Samsara" no teatro Waldemar Henrique, em Belém. (Foto: Rafael Soares)

Agora, a banda trabalha no lançamento de seu novo single, Samsara, que será lançado no próximo dia 17 de novembro, com um show no Teatro Waldemar Henrique, em Belém, às 19h, com a participação especial de Kleber Benigno "Paturi", do Trio Manari, Amanda Alencar, da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia (OVA), além de show de abertura da banda Joana Marte.

 
 
 

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